Você é feliz na cama?

26 de maio de 2014

Como está sua vida sexual? Satisfatória? Você é feliz na cama? Se a resposta for negativa e você estiver entre 30 e 39 anos, saiba que não está sozinho. Um estudo divulgado pelo jornal britânico Daily Mail mostra que homens e mulheres na casa dos 30 estão mais descontentes com sua vida sexual do que qualquer outra faixa etária.

Segundo a pesquisa, a correria, o estresse do trabalho e a preocupação com os filhos pequenos e com a casa são os grandes vilões da sexualidade. De acordo com Ana Monachesi, psicóloga clínica de adultos e família, algumas circunstâncias da vida moderna revelam porque o sexo é pior aos 30 anos.

Segundo ela, quando há problemas emocionais, homens e mulheres costumam se fechar para a vida sexual. A perda de libido também tem a ver com as preocupações financeiras, as urgências diárias e as cobranças da vida adulta.

A psicóloga afirma que a falta de desejo sexual aumenta em casais urbanos: “Aqueles parceiros que estão com pretensão de subir de cargo no mercado de trabalho, em formação acadêmica ou com a vida financeira destabilizada.” Para ela, a interferência de filhos pequenos também é inimiga. “Muitos pais deixam seus filhos dormir no quarto do casal, o que interfere na intimidade do casal.”

Fatores como pouca confiança no corpo e depressão contribuem para a falta de desejo. “Conhecer bem o corpo é importante para uma vida sexual satisfatória. Muitas mulheres, por exemplo, não conhecem seu corpo e os pontos que dão a elas mais satisfação. Baixa autoestima e distúrbios também interferem”, diz.

O psicólogo e pesquisador Diego Henrique Viviani, do Instituto Paulista de Sexualidade, explica que o desejo sexual funciona como estágio anterior à excitação e ao orgasmo. “Ele é o primeiro passo para que uma relação possa acontecer.” Para ele, é importante que haja uma relação saudável, no qual um possa apoiar o outro nas dificuldades.

“Se houver uma dificuldade e este casal estiver disposto a conversar e passar por mais uma provação, as coisas poderão voltar a fluir com qualidade.” Para Oswaldo M. Rodrigues Jr., psicólogo do Instituto Paulista de Sexualidade, muitos casais jogam a culpa nas preocupações ou exigências externas, o que significa admitir-se incapaz de administrar estas circunstâncias. “A causa para estas dificuldades são internas, psicológicas.”

O especialista afirma que as fontes de prejuízo da vida sexual associam-se à maneira como a pessoa se percebe, como enxerga o mundo e como percebe que ocorrerá o futuro. “Estas percepções são baseadas em formas distorcidas de pensar e produzem mau funcionamento sexual. Se o casal não se organiza internamente, controlando suas emoções, muitas dificuldades sexuais ocorrem.”

Depois melhora

A mesma pesquisa publicada no Daily Mail revelou que o sexo pode melhorar após os 50 anos. Segundo o estudo, há um aumento de libido porque, nesta fase, a confiança sexual entre o casal é maior. Segundo Ana Monachesi, houve uma mudança cultural e os idosos estão mais ativos. “Eles cuidam do corpo e da mente e, consequentemente, da vida sexual. A chegada de medicamentos que tratam a impotência também é um fator importante nesta mudança.”

De acordo com Diego Viviani, aos 50 e 60 anos normalmente as pessoas estão em uma condição de vida mais estável, os filhos já estão crescidos e a relação pode ter atingido um patamar mais maduro e responsável. “As pessoas sabem mais do que gostam, conhecem a si e estão mais preocupadas com a qualidade e não com a quantidade.”

Diálogo

Independente da idade, Ana Monachesi afirma que é importante que casais conversem abertamente sobre o que atrapalha e o que é satisfatório na cama. “A sexualidade não é algo estagnado e está sempre modificando. Os casais precisam saber de seus desejos e fantasias, ler mais, pesquisar e fugir do arroz com feijão.”

De acordo com Oswaldo M. Rodrigues Jr., compreender o que atrapalha implica em poder debater as percepções até que obtenham uma forma de comportamento útil para o casal existir. “O casal é a base onde ocorrerá a vida sexual. Sem o casal, não existirá expressão interpessoal para o sexo real, concreto, e, assim, a satisfação.

Comunicar-se efetivamente implica em ser claro, direto, usando palavras que significam exatamente aquilo que se quer significar, acompanhado de expressividade emocional coerente.”

Conhecer bem o corpo é essencial

A insatisfação sexual pode atingir qualquer pessoa e em qualquer idade, seja aos 15 ou aos 90 anos. E ninguém está livre dos conflitos e das dificuldades. Independente da idade, quando o sexo deixa de proporcionar prazer, é sinal de que algo está errado. “Mulheres devem ir ao ginecologista e homens devem procurar um proctologista ou um urologista para fazer uma avaliação médica”, afirma Ana Monachesi, psicóloga clínica de adultos e família.

A atividade sexual satisfatória implica em estar com as saúdes física, mental e social adequadas. Oswaldo M. Rodrigues Jr., psicólogo do Instituto Paulista de Sexualidade , afirma que, quando o sexo deixa de ser satisfatório, outros problemas, consequentemente, podem estar atrelados. Depressão, dificuldades de comunicação e relacionamento conjugal prejudicado, além de doenças crônicas são alertas para informar que algo não vai bem.

Conhecer bem o corpo também é essencial para uma vida sexual feliz. “Ninguém melhor do que a própria pessoa para saber onde gosta de ser tocada e quais as formas que esses toques podem ser mais prazerosos”, afirma o pesquisador e psicólogo Diego Henrique Viviani, do Instituto Paulista de Sexualidade.

Para Viviani, diálogo, saber ouvir e questionar quando houver dúvida sempre é um bom caminho. Não deixar as coisas pela metade também contará muito para a qualidade da conversa sexual do casal.

“Os parceiros capazes de conversar sobre as dificuldades, sobre as qualidades, os êxitos, as derrotas e a própria vida sexual com certeza terão maior facilidade em reestruturar as prioridades do casal a cada situação que isso se fizer necessário”.

 

Publicado originalmente em: Diário Web

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