É natural que o ritmo sexual e a vontade de transar variem de pessoa para pessoa
Sair de casa frequentemente com o único objetivo de fazer sexo, passar horas assistindo a filmes eróticos ou se masturbando, exigir do companheiro frequência sexual excessiva e ainda manter relações extraconjugais.
Esses são sinais de que o desejo sexual saudável pode ter dado lugar a uma doença. Segundo médicos, é natural que o ritmo sexual e a vontade de transar variem de pessoa para pessoa. Quando o impulso sexual sai do controle, porém, ele se torna uma compulsão, que, como qualquer outra dependência, precisa de tratamento.
Segundo o psiquiatra Marco Scanavino, do Hospital das Clínicas, a compulsão sexual não é definida pelo número de relações sexuais que a pessoa tem. “O critério não é quantitativo porque existem pessoas que têm atividade sexual intensa, mas não tem a compulsão. É considerado transtorno quando a pessoa não tem controle sobre o impulso, ou seja, quando leva mais tempo do que gostaria com a busca por sexo ou com a prática sexual’’, diz.
Com o passar do tempo e o agravamento do transtorno, dizem especialistas, a compulsão passa a interferir nas outras áreas da vida, e o prazer dá lugar a sentimentos de culpa e arrependimento.
“Até certo momento, a pessoa encara o comportamento como normal, mas começam a aparecer os resultados negativos, como perda de emprego, DSTs, fim de relacionamentos. O ideal é que as pessoas buscassem ajuda antes de chegarem nesse ponto’’, diz.
TERAPIA A compulsão sexual é tratada com psicoterapia, complementada ou não pelo uso de medicamentos.
“Os compulsivos sexuais têm de manter-se atentos para o resto da vida, pois existem possibilidades de recaídas. Isso não exige necessariamente um tratamento vitalício, muitas vezes essas pessoas chegam ao consultório e descobrem novas ferramentas para lidar com as emoções’’, diz Diego Henrique Viviani, psicólogo do Instituto Paulista de Sexualidade.
Como saber Não existe apenas uma origem para a compulsão sexual. O ser humano é muito complexo e diversos fatores podem contribuir. O ambiente em que a pessoa se desenvolve pode ser um facilitador, mas não determinante do desenvolvimento do comportamento compulsivo sexual. Mas sim, a própria pessoa que desenvolve mecanismos de pensamentos, as quais, com um ambiente facilitador esse comportamento é desenvolvido. Um exemplo de ambiente familiar facilitador, é aquele onde se valoriza muito a fala e ou ações sexuais exageradas, bem como a maneira de pensar compulsivamente.
O pressupostos para dizer que a pessoa apresenta o comportamento sexual compulsivo dependem de características de personalidade específicas. A seguir, algumas características do compulsivo.
- Ter pensamentos ou atos compulsivos recorrentes
- Ter pensamentos obsessivos – idéias, imagens ou impulsos que entram na mente do indivíduo repentinamente e de forma estereotipadas, são angustiantes, e a pessoa não consegue resistir a elas
- Ter atos ou rituais – comportamentos estereotipados que se repetem muitas vezes, não são agradáveis e são vistos como preventivos de algo improvável
Essas manifestações ocorrem em conjunto com ansiedade e depressão
Publicado originalmente em: JCnet